Mensagem aos brasileiros — Carlos Marighella

Texto assinado por Carlos Marighella e datado de dezembro de 1968. Publicado originalmente com o título “Mensagem aos brasileiros” como Suplemento do jornal O Guerrilheiro. Foi também traduzido e publicado em diversas línguas e países, incluindo em espanhol no semanário uruguaio Marcha com o título “Llamado al pueblo brasileño a unirse a la lucha” em fevereiro de 1969, dirigido então pelo jovem Eduardo Galeano, e em inglês no The Black Panther, jornal do Partido Pantera Negra nos EUA, de novembro de 1969 (Vol. 3, nº 29), com o título “A message to brazilians”. Fontes originais no BNM e Arquivo Nacional.
ALN — História e Desenvolvimento – Iuri Xavier

APRESENTAÇÃO Esse documento foi elaborado pelo companheiro Iuri Xavier Pereira em junho de 1971. Nasceu de uma necessidade que sentia a Organização de um relato e de uma análise de sua história e desenvolvimento. É certo que os ensinamentos só podem ser extraídos da prática, como é certo que só na prática podemos superar os nossos erros. Por outro lado, a prática da Ação Libertadora Nacional já contém ensinamentos importantes que algumas vezes, seja por deficiência de nossos combatentes ou seja por falta de uma consciente e bem executada transmissão de experiências, não são bem entendidos e aplicados, visando a melhoria de nossa atuação. Sabemos que nossa prática não tem sido retilínea, embora, constante. A renovação de quadros tem sido muito grande, e devido a isso, são bem poucos hoje em dia os companheiros que viveram todos os momentos da Organização, desde o lançamento da guerra revolucionária até hoje. Perdemos muitos combatentes e se não aproveitarmos as experiências que esses combatentes nos deixaram, elas se perderão no tempo e no espaço, trazendo sérios prejuízos à ALN e ao movimento revolucionário brasileiro. Yuri, neste documento, procura fazer um balanço da atuação da ALN, e, a partir daí, traçar algumas diretrizes a serem seguidas pela Organização. Buscava preencher um claro na teoria da Organização. Era sua intenção que o documento fosse discutido e enriquecido pela Coordenação Nacional, para que não fosse publicado como uma contribuição sua, e sim, como palavra oficial da direção. Infelizmente, fomos surpreendidos pelo seu assassinato em 14 de junho de 1972, antes que esse seu desejo se realizasse. Decidimos então publicá-lo como uma contribuição sua, sem quaisquer alterações, já que sua participação na discussão seria indispensável. Yuri Xavier Pereira, nasceu no Rio de Janeiro em 9 de agosto de 1948. Ingressou no PCB no início de 1965, onde sempre se destacou por sua dedicação à causa revolucionária. Foi membro do Comitê Secundarista, participando na preparação do VI Congresso do PCB. Saiu do PCB para a Ação Libertadora Nacional, tendo sido um dos responsáveis pela formação da organização na Guanabara (GB). Em 1968 viajou para Cuba onde adquiriu novas e importantes experiências na sua vida de revolucionário, comunista e combatente. Retornou em 1970, passando a ter uma atuação constante em São Paulo, tendo já neste ano, participado de ações armadas. Em 1971 e 1972, participou da maioria das ações realizadas pela ALN, tendo sempre se comportado como um exemplo para os revolucionários. Foi, ainda em 1968, um dos responsáveis pelo surgimento do jornal Ação Revolucionária na Guanabara. Sempre defendeu a criação de uma imprensa revolucionária que tivesse uma atuação constante. Participou ativamente de todos os números de “O Guerrilheiro” a partir de 1970. Colaborou na edição de “Venceremos”. Participou das discussões e deu colaboração para o documento “Política de Organização”. Participou decisivamente no processo de luta política e ideológica na ALN em 1971, tendo sido um dos que mais se bateram pela unidade da Organização. Fez parte da Coordenação Nacional da ALN desde a morte do companheiro Joaquim Câmara Ferreira, até sua morte, sendo um dos responsáveis pela sobrevivência, unidade e crescimento da Organização. Esses são, alguns aspectos da vida revolucionária do comunista Yuri Xavier Pereira. “Que outras mãos se levantem para empunhar seu fuzil.” Setembro de 1972 Ação Libertadora Nacional – ALN Veículo da Folha de São Paulo, que apoiou ativamente a ditadura militar fascista, incendiado pela ALN. O momento que atravessa a Organização e o movimento armado é realmente crítico, necessitam medidas enérgicas e firmes, mas também cuidado nos passos a dar. Em razão da situação presente há muitas dúvidas sobre o que fazer e como fazer; o que pensa a direção; qual a causa dos golpes sofridos. A teoria subestimada nos anos 1968/69, vai sendo exigência para explicar o que houve e indicar o que fazer. Esta questão deve ser entendida no sentido de que, se a tendência que predominava dentro da Organização em 68-69 de alergia a documentos e teoria foi em certo sentido errônea e prejudicial, a de hoje, que é uma exigência ansiosa dos mesmos em alguns companheiros, pela situação que enfrentamos podem também levar a erros e prejuízos. Deve-se estar consciente que não vamos subordinar nossa atividade à elaboração dos mesmos. Que em definitivo não são eles a reposta ao momento nem quem nos levará adiante. Os documentos também tem sua hora e sua vez, devem surgir naturalmente de uma prática e serem elaborados visando uma prática. Devem ser não só explicativos, mas terem igualmente o caráter de levarem à ação. Entretanto, é indiscutível que para superar este momento e levarmos eficazmente adiante a luta torna-se necessário dar um balanço na atividade passada da Organização. As dificuldades para isso são lógicas. O tipo de luta que travamos, a situação que enfrentamos ontem e hoje, dificulta quando não impedem o intercâmbio e o recolhimento de informações e experiências indispensáveis. A renovação de quadros imposta pela guerra, por exemplo, torna pequeno e disperso o número de companheiros que passaram por todo o processo da Organização (fundamentalmente o período 67-68). Assim, este material procura informar e explicar, dentro de uma visão geral, o que foi a Organização até agora, seu papel e atuação. Esta parte estará inevitavelmente incompleta quanto a detalhes, em parte pelos motivos expostos anteriormente, e todos os companheiros devem contribuir para seu aperfeiçoamento. A partir disto procura traçar as perspectivas que deve levar adiante a Organização. Esta é a parte mais importante. A sua compreensão e a decisão de lavá-la adiante são decisivas. A importância da primeira parte está em que é preciso uma compreensão geral acertada de nossa atividade anterior e do momento atual para traçar orientações corretas para o presente e o futuro. Isto porque nossa pretensão não é elaborar a teria acaba da Revolução Brasileira, mas ter conhecimento indispensável do processo que nos permita melhor combater o inimigo, e naturalmente vencer. Agora, desde já alertamos que ao escrevermos este material partimos de algumas premissas, que são: 1 – Considerar justo o conceito de que a luta armada é
Frente — A Grande Tarefa – Carlos Lamarca

A Frente Armada Revolucionária foi uma coordenação de organizações revolucionárias que teve a participação da ALN, VPR, MRT, MR-8, PCBR e da REDE (que se fundiu com a ALN), articulando diversas ações armadas conjuntas e a importante campanha pelo voto nulo nas eleições de 1970.